quarta-feira, 30 de julho de 2014
A perseguição aos cristãos e o direito dos dhimmis
O
avanço do ISIL, o Califado Islâmico da Síria e do Levante, tem deixado
um rastro de morte. Entre as maiores vítimas do seu fundamentalismo
estão as minorias religiosas: alauítas, xiitas e cristãos. Contudo, no
caso dos “nazarenos” a situação toma feições ainda mais sangrentas.
Politicamente sozinhos, sem o apoio de forças regionais, como o Baath
(alauítas) ou Irã (xiitas), os cristãos são alvos fáceis. Por mais que
duras críticas tenham sido feitas de dentro da comunidade islâmica, como
as posições do Ayatollah Sistani, no Iraque, e de Hassan Nasrallah,
líder do Hezbollah, no Líbano, até então nada conseguiu retardar o
incremento da violência aos seguidores de Jesus Cristo. Contudo, na raiz
do problema se encontra a concepção da dignidade do homem no islã e dos
direitos inerentes à sua condição enquanto tal.
Uma noção “imanente” do direito, como
desenvolvida no cristianismo, desde os Padres da Igreja, passando por
Santo Tomás, chegando em Francisco de Vitória e em Hugo Grócio, reflete o
modo como a Igreja entendia a “imanência” como o lugar privilegiado
onde se revelava a transcendência. O homem é sujeito de direitos porque
ele é homem, criado à imagem e semelhança do seu Criador, e não porque
esses direitos são impostos do exterior. Contudo, no islamismo o homem,
por si, não é um sujeito de direitos, mas os obtém na medida em que faz
parte da comunidade islâmica. A sua dignidade é reflexo, portanto, da
sua condição de crente. A fidelidade às prescrições de Deus, contidas no
Corão e na Sunna, é o que concede a ele a dignidade. Assim, passa da
condição de escravo (‘abd) para a de fiel (mu’min).
Isso reflete, de modo inevitável, no
tratamento às minorias religiosas dentro do mundo islâmico. Se o direito
do homem é dependente da sua condição de fiel, os não-muçulmanos seriam
sujeitos essencialmente deficitários de dignidade? É evidente que
dentro da Ummah uma igualdade absoluta de direitos e de deveres é
completamente inconcebível. Surge então uma diferença de status pessoal
que rege as relações entre os crentes e os não-crentes, além de garantir
uma proteção contratual (dhimma) aos “povos do livro”; os judeus, os
cristãos e os sabeus. Com a expansão do império islâmico outras
religiões, como budismo, hinduísmo, foram admitidas como sendo ′Ahl
al-Kitāb.
Assim, aos não-muçulmanos era impossível
ter a plenitude do direito, status particular daqueles que habitavam na
“cidade do Islã” (Dar al-Islam). Contudo, no lado oposto se encontrava a
“cidade da guerra”, (Dar al-Harb), os países onde o islamismo ainda não
era religião majoritária. As relações com os estados não-muçulmanos
estavam regidas pela concepção de jihad, no sentido de esforço pela
expansão da fé. Com o enfraquecimento do império islâmico e sua
consequente fragmentação, um novo conceito é cunhado, “cidade do pacto”
(Dar al-Ahd), fazendo referência aos países com os quais se tinha criado
alianças de não-agressão. Como membros da “Dar al-Harb” no seio da “Dar
al-Islam”, os não-muçulmanos eram cidadãos de segunda classe. Ainda
pagando taxas (jizya) pela liberdade – relativa – de culto, aos
“dhimmis” era proibida qualquer manifestação de fé: orações em voz alta
eram ilegais, assim como o badalar dos sinos ou o uso do shofar. Vale
destacar, contudo, que os não-muçulmanos constituíam um tribunal
paralelo, podendo reger suas comunidades através das suas próprias leis.
Todavia, deve ser recordado que dentro da
história do islamismo, e levando em consideração o contexto temporal,
houve momentos onde a interação entre os muçulmanos e os dhimmis
transcorreu com muita normalidade, inclusive com a relativização das
proibições. Existem relatos eloquentes da construção de comunidades
pluralistas na Andalusia, na Pérsia, na Índia e no Império Otomano.
Ademais, desde o séc. XIX, com a realização de mudanças constitucionais
de influência europeia em Istambul, o status dos dhimmis foi abolido. As
taxas foram sendo sistematicamente retiradas, até a adoção de uma
estrutura tributária moderna e universal. Com o edito de 1856 (Islâhat
Fermânı), parte do período de reformas estruturais no império entre 1839
– 1876, os não-muçulmanos ganharam um status civil, inclusive com a
melhoria das relações dos sultões com a igreja (sacerdotes, bispos e
patriarcas passaram a receber um salário do estado).
No mundo contemporâneo existem exemplos
positivos da relação entre cristãos e muçulmanos, como o Líbano e a
Síria. No Irã, um caso muito singular, ainda que a liberdade religiosa
não seja perfeita, a liberdade de culto é a melhor exercida dentro de um
“estado islâmico”: aos cristãos tradicionais (católicos, ortodoxos,
assírios e armênios) é permitida a construção de igrejas e as
manifestações de fé. Pela constituição o parlamento também deve ter
representantes das minorias religiosas legais (cristãos, judeus e
zoroastristas). A longa presença cristã no Irã, tanto através dos
armênios que lá estão há milênios, como também pela chegada dos
católicos, inclusive de rito latino (dominicanos), no séc. XVI,
favoreceu a completa assimilação cultural. Contudo, o que hoje é visto
na Síria e principalmente no Iraque, é uma barbaridade perpetrada em
defesa de anacronismos já superados, seja pela história, como também
pela hermenêutica.
fonte : http://islamidades.wordpress.com/2014/07/25/a-perseguicao-aos-cristaos-e-o-direito-dos-dhimmis/
sexta-feira, 18 de julho de 2014
segunda-feira, 7 de julho de 2014
O Precioso Sangue de Cristo
O mês de julho a Igreja dedica ao preciosíssimo Sangue de Cristo, derramado pelo perdão dos nossos pecados.
O Sangue de Cristo representa a Sua Vida humana e divina, de valor infinito, oferecida à Justiça divina para o perdão dos pecados de todos os homens de todos os tempos e lugares. Quem for batizado e crer, como disse Jesus, será salvo (Mc 16,16) pelo Sangue de Cristo.
Em cada Santa Missa a Igreja renova, presentifica, atualiza e eterniza este Sacrifício de Cristo pela Redenção da humanidade. Em média, a cada quatro segundos essa oferta divina sobe ao Céu em todo o mundo.
O Catecismo da Igreja ensina que mesmo que o mais santo dos homens tivesse morrido na cruz, seria o seu sacrifício insuficiente para resgatar a humanidade das garras do demônio; era preciso um sacrifício humano, mas de valor infinito. Só Deus poderia oferecer este sacrifício; então, o Verbo divino, dignou-se assumir a nossa natureza humana, para oferecer a Deus um sacrifício de valor infinito. A majestade de Deus é infinita; e foi ofendida pelos pecados dos homens. Logo, só um sacrifício de valor infinito poderia restabelecer a paz entre a humanidade e Deus.
“Mas eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. Portanto, muito mais agora, que estamos justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira” (Rm 5,8-9).
São Pedro ensina que fomos resgatados pelo Sangue do Cordeiro de Deus, mediante “a aspersão do seu sangue” (1Pd 1, 2).
“Porque vós sabeis que não é por bens perecíveis, como a prata e o ouro, que tendes sido resgatados da vossa vã maneira de viver, recebida por tradição de vossos pais, mas pelo precioso sangue de Cristo, o Cordeiro imaculado e sem defeito algum, aquele que foi predestinado antes da criação do mundo.” (1Pe1,19)
Ao despedir dos bispos de Éfeso, em lágrimas, S.Paulo pede que cuidem do rebanho de Deus contra os hereges que já surgiam naquele tempo, porque este rebanho foi “adquirido com o seu Sangue” (At 20,28).
Para os judeus a vida estava no sangue (cf. Lv 11,17), e por isso eles não comiam o sangue dos animais; na verdade, a vida está na alma e não no sangue; mas para eles o sangue tinha este significado. É muito interessante notar que no dia da Páscoa, a saída do povo judeu do Egito, naquela noite da morte dos primogênitos, Deus, segundo o entendimento do povo, mandou que este passasse o sangue do cordeiro imolado nos umbrais das portas para que o Anjo exterminador não causasse a morte do primogênito naquela casa.
Este sangue do cordeiro simbolizava e prefigurava o Sangue de Cristo, da Nova e Eterna Aliança que um dia seria celebrada no Calvário. É por isso que S.João Batista, o Precursor de Jesus, ao anunciá-lo aos judeus vai dizer: “Este é o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo” (Jo 1, 19). É a missão de Cristo, ser o Cordeiro de Deus imolado por amor dos homens.
É este Sangue de Cristo que nos purifica de todo pecado:
“Se, porém, andamos na luz como ele mesmo está na luz, temos comunhão recíproca uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1Jo 1,7).
“Se, porém, andamos na luz como ele mesmo está na luz, temos comunhão recíproca uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1Jo 1,7).
“Jesus Cristo, testemunha fiel, primogênito dentre os mortos e soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, que nos lavou de nossos pecados no seu Sangue e que fez de nós um reino de sacerdotes para Deus e seu Pai, glória e poder pelos séculos dos séculos! Amém.” (Ap 1, 5)
“Cantavam um cântico novo, dizendo: Tu és digno de receber o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste imolado e resgataste para Deus, ao preço de teu Sangue, homens de toda tribo, língua, povo e raça; e deles fizeste para nosso Deus um reino de sacerdotes, que reinam sobre a terra” (Ap 5, 9-10).
Os mártires derramaram o seu sangue por Cristo, na força do seu Sangue:
“Mas estes venceram-no por causa do Sangue do Cordeiro e de seu eloqüente testemunho. Desprezaram a vida até aceitar a morte” (Ap 12, 11).
“Mas estes venceram-no por causa do Sangue do Cordeiro e de seu eloqüente testemunho. Desprezaram a vida até aceitar a morte” (Ap 12, 11).
O Apocalipse ainda nos mostra que os santos lavaram as suas vestes (as almas) no Sangue de Cristo:
“Esses são os sobreviventes da grande tribulação; lavaram as suas vestes e as alvejaram no Sangue do Cordeiro” (Ap 7, 14).
“Esses são os sobreviventes da grande tribulação; lavaram as suas vestes e as alvejaram no Sangue do Cordeiro” (Ap 7, 14).
Hoje esse Sangue redentor de Cristo está à nossa disposição de muitas maneiras. Em primeiro lugar pela fé; somos justificados por esse Sangue ensina S. Paulo:
“Mas eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. Portanto, muito mais agora, que estamos justificados pelo seu Sangue, seremos por ele salvos da ira” (Rm 5, 8-9).
Ele está à nossa disposição também no Sacramento da Confissão; pelo ministério da Igreja e dos sacerdotes o Cristo nos perdoa dos pecados e lava a nossa alma com o seu precioso Sangue. Infelizmente muitos católicos ainda não entenderam a profundidade deste Sacramento e fogem dele por falta de fé ou de humildade. O Sangue de Cristo perdoa os nossos pecados na Confissão e cura as nossas enfermidades espirituais e psicológicas.
Este Sangue está presente na Eucaristia: Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus. Na Comunhão podemos ser lavados e inebriados pelo Sangue redentor do Cordeiro sem mancha que veio tirar o pecado de nossa alma. Mas é preciso parar para adorá-lo no Seu Corpo dado a nós. Infelizmente muitos ainda comungam mal, com pressa, sem Ação de Graças, sem permitir que o Sangue Real e divino lave a alma pecadora e doente.
fonte : http://cleofas.com.br/o-precioso-sangue-de-cristo/#top
sexta-feira, 4 de julho de 2014
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